IOF mais alto

IOF mais alto: entenda como a nova alíquota afeta suas compras em sites como Shein, Shopee, Temu e AliExpress


Nos últimos anos, os consumidores brasileiros se habituaram a realizar compras em sites internacionais como Shein, Shopee, Temu e AliExpress, aproveitando os preços mais baixos, a variedade de produtos e a possibilidade de importar mercadorias que muitas vezes não são encontradas com facilidade no Brasil. No entanto, uma nova medida do governo federal pode afetar diretamente esse hábito de consumo.

Estamos falando do aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que passou por uma importante alteração recentemente. A decisão do Ministério da Fazenda tem gerado preocupações, principalmente entre os consumidores que utilizam cartões de crédito internacionais, cartões pré-pagos ou mesmo opções de débito para pagar por suas compras no exterior.

Neste artigo, você vai entender em detalhes o que muda com o novo IOF, por que a decisão foi tomada, qual o impacto prático disso para o bolso dos brasileiros, e o que esperar nos próximos anos.


O que é IOF e por que ele existe?

O IOF – Imposto sobre Operações Financeiras – é um tributo federal cobrado sobre diversas transações financeiras, como empréstimos, câmbio, seguros e aplicações financeiras. Ele também é aplicado sobre compras feitas no exterior, quando há movimentação cambial envolvida, como no caso de compras com cartão internacional.

Esse imposto tem como objetivo principal regular a economia, controlando a oferta de crédito e a entrada e saída de capital estrangeiro no país. Além disso, o IOF também é uma importante fonte de arrecadação para o governo federal.


Entenda a nova alíquota: o que mudou e por quê

Até então, havia uma promessa de que a alíquota do IOF para operações de câmbio seria reduzida de forma gradual, até ser zerada em 2028. Esse compromisso havia sido assumido pelo governo anterior, como parte de uma estratégia de alinhamento do Brasil a regras internacionais da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

A tabela de redução progressiva do IOF previa os seguintes percentuais:

  • 2024 – 4,38%

  • 2025 – 3,38%

  • 2026 – 2,38%

  • 2027 – 1,38%

  • 2028 – 0%

Contudo, essa agenda de desoneração foi revista. O atual governo decidiu interromper esse processo de redução e estabelecer uma nova alíquota fixa de 3,5% para diversas operações cambiais, incluindo aquelas realizadas com cartões de crédito, débito e pré-pagos internacionais.

Segundo o Ministério da Fazenda, a nova medida é uma forma de equilibrar as contas públicas e garantir arrecadação. A previsão é de que o novo modelo gere R$ 20,5 bilhões em 2025 e R$ 41 bilhões em 2026 em receitas para o governo. A meta da equipe econômica é alcançar o déficit fiscal zero ainda em 2025, e para isso, cada fonte de arrecadação ganha peso.


Na prática, o que isso muda para o consumidor?

O impacto direto para o consumidor é o aumento no custo final das compras feitas em sites estrangeiros. Isso porque o imposto incide sobre o valor da compra convertido para reais, aumentando o preço pago na fatura do cartão.

Imagine que você faz uma compra de US$ 100 em uma plataforma internacional. Com o dólar a R$ 5, isso equivale a R$ 500. Com a nova alíquota de 3,5%, o IOF cobrado será de R$ 17,50. Esse valor será somado ao total da sua fatura, junto de outras taxas eventualmente aplicadas pela administradora do cartão.

Antes, com a alíquota de 3,38%, o imposto seria de R$ 16,90. Embora a diferença pareça pequena em uma compra isolada, o impacto se torna significativo quando falamos de volumes maiores de consumo, especialmente para quem realiza importações frequentes, seja para uso próprio ou para revenda.

Além disso, esse aumento também afeta os cartões pré-pagos internacionais, que vinham sendo utilizados como alternativa mais barata. Agora, o IOF sobre eles também será de 3,5%, igualando-se aos cartões de crédito e débito tradicionais.


E-commerce internacional: o que esperar de Shein, Shopee e AliExpress?

Os principais alvos desse impacto são os gigantes do comércio eletrônico asiático: Shein, Shopee e AliExpress. Essas plataformas conquistaram o público brasileiro com produtos baratos, frete grátis e ampla oferta de itens, especialmente em moda, eletrônicos e utilidades domésticas.

No entanto, com a aplicação do novo IOF, além de outras medidas que o governo já vinha adotando (como a taxação de remessas internacionais acima de US$ 50, que deixou de ser isenta em alguns casos), a tendência é que os preços fiquem menos atrativos.

Ainda será possível economizar ao comprar nesses sites? Sim, principalmente em itens que são muito mais caros no Brasil. No entanto, é importante que o consumidor esteja atento a todos os custos envolvidos – IOF, variação cambial, eventual incidência de Imposto de Importação (60%) e ICMS estadual.


Resumo das principais mudanças no IOF

Abaixo, organizamos um comparativo das alterações mais relevantes nas regras do IOF, para facilitar o entendimento:

Tipo de operaçãoComo eraComo ficou agora
Cartão de crédito e débito internacional6,38% até 2022, depois 3,38% (2025)3,5% fixo
Cartão pré-pago internacional5,38% (2023) / 4,38% (2024)3,5% fixo
Cheques de viagem e gastos pessoais no exteriorReduções progressivas3,5% fixo
Empréstimos externos de curto prazo6% até 2022, zerado a partir de 20233,5%, redefinido como até 364 dias
Remessa para conta do próprio contribuinte no exterior1,1%Mantido em 1,1%
Transferências de fundos de investimentos no exteriorIsentas (0%)Mantido isento
Outras operações (não especificadas)Entradas: 0,38% / Saídas: 0,38%Entradas: 0,38% / Saídas: 3,5%

Por que o governo voltou atrás?

A decisão de interromper a trajetória de redução do IOF está diretamente relacionada ao cenário fiscal do país. O governo tem enfrentado dificuldades para equilibrar as contas públicas, e a arrecadação tributária é uma das principais ferramentas para atingir esse objetivo.

Segundo o ministro Fernando Haddad, a eliminação completa do IOF até 2028, como estava prevista, geraria uma perda significativa de receita que o país não pode suportar no momento. A meta de déficit zero, proposta para 2025, exige medidas compensatórias, e a manutenção de uma alíquota de 3,5% é uma delas.

Além disso, manter o IOF em um patamar mais elevado também ajuda a conter o consumo de moeda estrangeira, algo que o governo costuma fazer em momentos de instabilidade cambial ou pressões inflacionárias.


Como se preparar para continuar comprando no exterior sem sustos

Diante desse cenário, consumidores e empreendedores que dependem de compras internacionais devem redobrar a atenção. Veja algumas dicas para minimizar o impacto do novo IOF:

  1. Planeje suas compras com antecedência: Evite compras impulsivas e calcule todos os custos envolvidos, incluindo IOF, frete, câmbio e impostos de importação.

  2. Fique atento às promoções e cupons: Plataformas como Shopee e AliExpress costumam oferecer cupons e cashback que podem compensar parte das taxas.

  3. Considere outras formas de pagamento: Em algumas situações, alternativas como pagamento via boleto ou intermediários locais podem reduzir encargos, embora seja importante verificar a confiabilidade do método.

  4. Acompanhe o câmbio diariamente: O dólar tem impacto direto no valor final da sua compra. Pequenas variações podem significar economia ou gasto extra.

  5. Compare com o mercado nacional: Em alguns casos, com as novas tributações, pode ser mais vantajoso comprar o mesmo produto no Brasil, especialmente em marketplaces com frete grátis ou descontos.


O que esperar daqui para frente

A elevação do IOF para 3,5% é mais um capítulo nas mudanças tributárias que afetam o consumidor brasileiro que compra no exterior. Ainda que o impacto individual possa parecer pequeno, somado a outras medidas (como o fim da isenção de imposto para remessas internacionais de até US$ 50), ele reforça a tendência de encarecimento das importações.

O momento exige cautela, planejamento e informação. Estar atualizado sobre as regras fiscais e compreender como elas afetam seu consumo é essencial para evitar surpresas desagradáveis no cartão de crédito.

Se você tem o hábito de importar com frequência, vale a pena acompanhar de perto as discussões sobre tributos, pois novos ajustes podem ocorrer ao longo dos próximos anos.





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